segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Introdução do Modelo de Copérnico em Portugal (3)


1.2 - Sistema de Ptolomeu

Neste sistema, tiveram grande influência os trabalhos de Hiparco e de Marino de Tiro e a sua invenção é atribuida aos antigos egípcios e caldeus. No entanto, tomou o nome do grande Astrónomo, Geógrafo e Matemático, Ptolomeu (Cláudio), cuja vasta obra foi levada a cabo em Alexandria, entre os anos 127 e 151 D.C. e a ele se deve o tratado que durante mais de quatorze séculos constituiu a obra fundamental da ciência astronómica. Este sistema foi seguido por tantos outros matemáticos que, com justa razão é também chamado "Sistema Comum" e "Sistema Antigo".

A sua obra astronómica: "Grande Composição" ou "Almagesto", composto por 13 livros, contém o 1º sistema completo sobre o Universo, "o Sistema Geocêntrico", no qual a Terra está imóvel no centro do Mundo e o Sol se encontra móvel, no meio dos demais planetas.

Nele se encontram 11 céus, sobre os quais se considera ainda o céu Empíreo, que é propriamente o trono de Deus e a habitação dos anjos e demais bem aventurados.

Fig. 1 - O Universo de Ptolomeu segundo o autor do códice nº 192.

1º céu é o da Lua;

2º céu é o de Mercúrio;

3º céu é o de Vénus;

4º céu é o do Sol;

5º céu é o de Marte;

6º céu é o de Jupiter;

7º céu é o de Saturno;

8º céu é o Firmamento ou céu Estrelado, com movimento muito lento;

9º céu chama-se primeiro Cristalino;

10º céu chama-se segundo Cristalino;

11º céu chama-se Primeiro Móbil.

Eis algumas das razões por que este sistema dominou a cultura ciêntífica, sem contestação, e apenas com pequenas alterações, quase mil e quinhentos anos:

- Previa com bastante precisão, as posições do Sol, da Lua e dos planetas;

- Concordava com o senso comum;

- Concordava com a hipótese de que a terra era imóvel e que estava no centro do Universo;

- Explicava o facto das estrelas fixas não mostrarem um desvio anual, quando observadas a olho nu;

- Estava de acordo com a física Aristotélica;

- Concordava com as doutrinas desenvolvidas pelos gregos, em particular com as ideias de "movimento natural" e "lugar comum";

- E ainda porque este sistema não punha em causa a interpretação que durante séculos, os teólogos davam de determinadas passagens da Sagrada Escritura, relativamente ao movimento dos corpos celestes. (CONTINUA)

Códice nº 192 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, 1621.

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